6. do porto
cais
onde as coisas ancoram
onde as coisas demoram
algum tempo
antes de partir
lá está o morto
vivendo de uma outra vida
que só diz respeito ao corpo
lá estão seus ossos
pacotes bem embalados
prontos pra subir a bordo
CAFÉ ALUMÍNIO CEVADA
SOJA CIMENTO
CARNE
- mas pra quê tantos guindastes
se o corpo não se move
jamais?
7. do alto de um guindaste
refém
de cargas
e armazéns
de rotas
e promissórias
commodities
extraviadas
e contrabando
sem nota
- aqui eu moro -
entre bandeiras
de diferentes donos
e as grossas placas
de aço do abandono
Alberto Martins, trechos do
o livro "Cais" (Ed. 34, 2001)
Parabéns pela leitura, Wladimir! Ótima escolha do poema de Alberto Martins e uma paisagem poética por excelência. E a reedição de 'Microafetos'?
ResponderExcluirAbraços.