sábado, 29 de dezembro de 2012

"Andrógina, mestiça-city, dengosa, faceira no primeiro momento, pegajosa, porém puta e ladra. Bichona-city, desmunhecada. (...) Vou alinhavando esta trama pelos veios da Soterópolis pra ter algo parecido a sentido (...). Zarpo num coletivo que veloz atravessa a urbe-labirinto que é inferno mais ou menos controlado; cidade a inchar não convulsa de todo ainda, metal-flux a dar contorno ao cimento armado que cresce em suas encostas, baldios, supersubúrbios; cidade banhuda, que com esta paisagem fálica fica com ares de asséptica, higienizada. O tráfego em sua sístole-diátole termina o Corredor da Vitória, deslizo pela ladeira da Barra, inicia o Porto e a Orla se desfralda. (...) Curva na ponta do continente, no Farol, seguindo pela beira, praias, praias, duma ponta a outra, seus fedores marinhos."

João Filho, "Ao longo da linha amarela" (P55 Edições, 2009, ps. 18-19)

Um comentário:

  1. Na curva da city veloz-cidade deslizante e holística/desliza na orlastronômica/na ponta da ponte uma bichona coletiva no supersubúrbio do fracasso periférico/continente ladra eu zarpo no corredor baldio/continente ruge eu pulo no rio/faroluzindo putas sentidas e vadias do porto ainda não-terminado/seguido de poréns,parecido com encostas e diástoles de encostos/beirada pegajosa de algo armado numa sístole ou numa síntese/momento praiano num veio de cimento trafegado e asfáltico/duma trama faceira contornada e desfraldada de higiene/na ponta da ponte uma dengosa puta metálica purpurínica lantejôulica plúmea asséptica e antisséptica/labirintos contrários e pegajosos com ares iniciáticos/mestiços fedorentos alinhavados na urbe fálica que berra/marinheiros andróginos desmunhecados que atravessam a ladeira da paisagem báltica…

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