segunda-feira, 30 de julho de 2012
quinta-feira, 26 de julho de 2012
Impressões do escritor e jornalista espanhol Julio Camba (1882-1962) em sua segunda viagem aos Estados Unidos (1929-30). Extraído da página 57 do recém-lançado
"Realidade em perspectivas: artigos de Julio Camba sobre a Espanha da primeira metade
do século XX", de Edna Parra Candido (Opção Editora, 2012)
Clique no texto-imagem para melhor visualização
terça-feira, 24 de julho de 2012
Traduzindo: Roger Wolfe
A propósito: em breve publicarei neste blog outros poemas de Wolfe que acabei traduzindo depois. Também pretendo publicar por aqui poemas de hispanoamericanos que venho traduzindo na surdina, como um triplo exercício: no idioma espanhol, na escrita poética e no ofício tradutório.
Para ouvir o programa na íntegra (a tradução do poema encontra-se a partir de 18'):
GRAV no Tardes Infinitas 2 - Rainer Werner Fassbinder
poema de Roger Wolfe
del poemario Arde Babilonia, Visor editorial, España, 1994
- cuyo color ignoro o no recuerdo -
ese mostacho,
la barba rala,
el rostro tierno, tumefacto,
por el tiempo malo y sus desmanes,
me contemplan desde esa foto en blanco y negro,
y debajo la leyenda
en un idioma
que habló mi bisabuelo:
Dichter
Schauspieler
Filmemacher.
monstruo, vándalo, arcángel, niño
de mirada incrédula y pasmada,
fantasma encharcado de alcohol
y de heroína,
amado padre, hermano, ramera, maricona,
todos
nos llamamos
como tú.
- olhos cuja cor ignoro ou não recordo -
esse bigode,
a barba rala,
o rosto terno, inchado
pelo tempo ruim e por seus desenganos
me contemplam desde esta foto em preto e branco
e embaixo a legenda
num idioma
que meu bisavô falava:
Dichter
Schauspieler
Filmemacher
monstro, vândalo, arcanjo, menino
de olhar incrédulo e pasmo,
fantasma encharcado de álcool
e de heroína,
amado pai, irmão, prostituta, bichona,
todos
temos o mesmo nome
que você.
domingo, 22 de julho de 2012

Tom Zé, entrevista a Isabela Larangeira, 1990, publicada em "Tom Zé - Encontros", organização Heyk Pimenta, Azougue, 2011)
"Quando cheguei aqui tava um calor, era 11 de agosto de 1965, um calor! Me levaram à praça Roosevelt, que não tinha nada, era só calçamento e saía aquele negócio assim que entortava a visão, sabe como é? Parecia o Nordeste, a praça Roosevelt!" (p. 135)
Tom Zé, entrevista à revista "Caros amigos", 1999, publicada em "Tom Zé - Encontros", id., ibid.)
Crédito da foto: aqui
Crédito da foto: aqui
quinta-feira, 21 de junho de 2012
quarta-feira, 20 de junho de 2012
quinta-feira, 7 de junho de 2012
Leitura na UFES
Data: 09/06/2012
Horário: 20h
Local: IC-2 - Campus da Universidade Federal do Espírito Santo/UFES - Vitória (ES)
quarta-feira, 30 de maio de 2012
"Macromundo" em FLORIANÓPOLIS !

Meus agradecimentos aos poetas Vinícius Alves e Marco Vasques, pela acolhida imediata e generosa à ideia do lançamento do livro na capital catarinense.
Local: Hall do CIC - Avenida Governador Irineu Bornhausen, 5600, Agronômica
Horário: 19h
Informações: (48) 3953-2301 / 3953-2300
domingo, 20 de maio de 2012
segunda-feira, 5 de março de 2012
8 de março, às 18h: Sarau na Ufes

A programação inclui exibição de vídeo-literaturas, a exposição fotográfica “Sim”, de Thalita Covre, e leitura de textos por Aline Yasmin, Fernanda Tatagiba, Jamile Ghill, Margareth Galvão, Saulo Ribeiro e Wladimir Cazé.
O Cronópio é um grupo de discussão e produção literária ligado ao Departamento de Comunicação da Ufes, sob a orientação do professor Erly Vieira Jr.
Noite Cultural com Sarau do Cronópio
Local: Cemuni I, Ufes, campus de Goiabeiras (em frente à agência da Caixa Econômica Federal da Ufes)
Quando: dia 8 de março, às 18h
Entrada gratuita.
Fanpage do Cronópio: http://www.facebook.com/cronopioufes
quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012
"Aurora", de Carlos Drummond de Andrade
"Aurora", poema de Carlos Drummond de Andrade (do livro "Brejo das Almas", 1934)
Texto do poema: http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/carlos-drumond/aurora.php
Câmera e som: João Mauro Uchôa
Leitura: Wladimir Cazé
sábado, 14 de janeiro de 2012
"Versos baianos", de Oswald de Andrade
terça-feira, 10 de janeiro de 2012
"Matéria de poesia", de Manoel de Barros
(fragmento 1 do poema de abertura do livro homônimo, de 1974)
quinta-feira, 5 de janeiro de 2012
Livros que li em 2011 (2º semestre):


lidas entre julho e dezembro (média diária de 28,7 páginas), de livros de formatos, tamanhos e diagramações os mais variados. Como no período anterior, há predominância de ficção (contos e romances em evidência), mas também presença significativa de trabalhos de historiadores (livros de história são uma das minhas raras predileções que concorrem com a literatura). Releituras (Machado, Noll) tiveram participação relevante – e crescente, já que
chegaram a 33,3% dos livros lidos no 2º semestre, contra 17,2% no 1º. Ilustram este post capas de quatro dos livros que mais apreciei ter descoberto nos últimos meses.
II SEMESTRE 2011:
30. Anu. Wilmar Silva. Yerba Mala Cartonera, 2010. 36 ps. Poesia.
31. El libro de los seres imaginários. Jorge Luis
32. O viajante imóvel – Machado de Assis e o Rio de Janeiro de seu tempo. Luciano Trigo. Record, sem data. 300 ps. História.
33. Exiles. James Joyce. Prometheus Books, 2003. 154 ps. Dramaturgia.
35. O homem que amava as mulheres. François Truffaut. Tradução de Fernanda Scalzo. Imago, 1995. 203 ps. Novela.
42. A trajetória de um sangue. Maria Odete Moschen. Edição da autora, 2002. 110 ps. Depoimento.
48. O Quinze. Rachel de Queiroz. Siciliano, 1993. 149 ps. Romance. (*)
49. Teatro de la inestable realidad. Aldo Pellegrini. Argonauta, 2008. 108 ps. Teatro/poesia.
50. O novo século – Entrevista a Antonio Polito. Eric Hobsbawn. Tradução de Claudio Marcondes. Companhia de Bolso, 2009. 174 ps. História.
51. Diario de un argentino. Marcelo Silva. Ediciones Patagonia, 2004. 84 ps. Poesia.
52. Formas de cair & outros poemas. Sandro So. Letra Capital, 2011. 85 ps. Poesia.
53. Guerra aérea e literatura. W. G. Sebald. Tradução de Carlos Abbenseth/Frederico Figueredo. Companhia das Letras, 2011. 124 ps. Ensaio.
55. Dom Casmurro. Machado de Assis. Nova Fronteira, 2011. 250 ps. Romance. (*)
56. Confissões da Bahia: Santo Ofício da Inquisição de Lisboa. Ronaldo Vainfas (org.). Companhia das Letras, 1997. 362 ps. História.
59. A tempestade. William Shakespeare. Tradução de Barbara Heliodora. Lacerda, 1999. 129 ps.

(*): Releituras

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011
Retrospectiva 2011 (algumas fotos, um vídeo e um poema de Rodrigo Caldeira)

Buenos Aires, janeiro
(folheto de cordel, Edições K, 2004)
Com Wilson Javier Cardozo,
Montevideo (Uruguay), janeiro
Itabira (MG), 21 de abril
Rodrigo Caldeira
Vitória (ES), 22 de junho

Vitória (ES), 26 de julho
sábado, 5 de novembro de 2011

quinta-feira, 29 de setembro de 2011
Mundo inventado
Aproveito para lembrar que o livro está à venda nos sites das livrarias Cultura e Martins Fontes Paulista e no sebo Estante Virtual. Em Salvador (BA), pode ser encontrado na Midialouca e na LDM. Também está à venda diretamente comigo, por e-mail (wladimircaze@gmail.com).
quinta-feira, 22 de setembro de 2011
"BABEL Poética nº 3" (junho/julho 2011),
As ideias de fronteira e trânsito são o eixo temático da
3ª edição da revista "BABEL Poética" (junho/julho 2011), mapeamento da poesia brasileira na "Era Lula" organizado por Ademir Demarchi. Entre muitas presenças significativas
(Frederico Barbosa, Douglas Diegues, Fabiano Calixto, Ricardo Aleixo, etc.), destaco a dos autores de dois livros breves e
intensos, que li e reli com grande proveito: Cândido Rolim ("Pedra habitada", 2002) e Victor Paes ("O óbvio dos sábios", 2007).
Tenho a satisfação de participar da "BABEL Poética nº 3" com 2 textos (p. 35) do livro "Macromundo", os poemas "Dois urubus" e "Alimária". (É curioso agora abordar esses textos a partir do enquadramento proposto pela revista; eu nunca tinha pensado neles sob tal perspectiva.)
Lista completa de participantes:

sábado, 6 de agosto de 2011
quarta-feira, 3 de agosto de 2011
"Macromundo" em Moçambique

Os livros são destinados a compor os acervos do Kuphaluxa, da AEMO e da Escola Secundária de Lhanguene. A lista (confira no link) inclui obras como "Homem inacabado" e "Mundo mudo", de Donizete Galvão, "A urdidura da trama", de Victor del Franco, "Mesmo poemas", de Renan Nuernberger, "De novo nada" e "Evidências pedestres", de Paulo Ferraz, "Ressurgência Icamiaba", de Deborah Goldemberg, "Pré-datados", de Fabio Aristimunho Vargas", e "Constelação de ossos" de Bárbara Lia, entre outros.
É muito bom participar desse intercâmbio e saber que "Macromundo" está no meio desses trabalhos que começam a ganhar leitores às margens do Oceano Índico.
Quem quiser enviar livros para o Movimento Literário Kuphaluxa, eis o endereço:
Gabinete de Comunicação e Imagem do Kuphaluxa
Email: kuphaluxa@gmail.com
Endereço Postal e sede: Centro Cultural Brasil-Moçambique
Av. 25 de Setembro, 1728
Maputo – Moçambique
segunda-feira, 1 de agosto de 2011
domingo, 24 de julho de 2011
Debate-papo com Saulo Ribeiro: terça, 26/julho, 19h, na Biblioteca Pública do Espírito Santo
Para uma prévia do inédito encontro (pela primeira vez eu e Saulo estaremos na mesma mesa sem uma garrafa de cerveja), recomendo a audição da entrevista que ele deu ao jornalista e crítico Oscar D'Ambrosio, para o programa “Perfil Literário” da Rádio Unesp de Bauru/SP (105,7 FM ).
O que: Debate-papo: um dedo de prosa entre o escritor, o crítico literário e o público leitor. Escritor: Saulo Ribeiro
Quando: 26 julho 2011 às 19h
Onde: Biblioteca Pública do Espírito Santo BPES (Av. João Batista Parra, 165, Praia do Suá, Vitória/ES)
domingo, 17 de julho de 2011
Trecho do poema "Em torno da cidade", do livro "Cais" (2001) , de Alberto Martins
terça-feira, 5 de julho de 2011
Livros que li em 2011 (primeiro semestre):

I SEMESTRE 2011:
1. Golpe de ar. Fabrício Corsaletti. Ed. 34, 2009. Novela.
2. Cárcere. Saulo Ribeiro/Vinícius Piedade. Ed. Cousa, 2009. Dramaturgia.
3. Viagens de Gulliver. Jonatham Swift. Tradução de Paulo Henriques Britto. Penguim/Companhia, 2010. Narrativa.
4. El perseguidor. Julio Cortázar. Alianza Editorial, 1993. Novela. (*)
5. La otra orilla. Julio Cortázar. Punto de Lectura, 2008. Contos.
6. Octaedro. Julio Cortázar. Civilização Brasileira, 2000. Contos.
7. Eduardo Viveiros de Castro - Encontros. Azougue, 2008. Entrevistas.
8. Sargento Getúlio. João Ubaldo Ribeiro. Nova Fronteira, 2005. Romance.
9. O livro dos abraços. Eduardo Galeano. L&PM, 2000. Contos.
10. Eles eram muitos cavalos. Luiz Ruffato. Boitempo, 2006. Ficção.
11. Zero. Ignácio de Loyola Brandão. Codecri, 1979. Romance.
12. Crime e Castigo. Fiódor Dostoiévski. Tradução de Paulo Bezerra. Ed. 34, 2001. Romance. (*)
13. Monodrama. Carlito Azevedo. 7Letras, 2009. Poesia.
14. Collapsus linguae. Carlito Azevedo. Lynx, 1991. Poesia. (*)
15. As banhistas. Carlito Azevedo. Imago, 1993. Poesia. (*)
16. Sob a noite física. Carlito Azevedo. 7Letras, 1997. Poesia. (*)
17. O natimorto. Lourenço Mutarelli. Companhia das Letras, 2009, 2a. edição. Novela.
18. A arte e a maneira de abordar seu chefe para pedir um aumento. Georges Perec. Tradução de Bernardo Carvalho. Companhia das Letras, 2010. Novela.
19. Ellis Island. Georges Perec. Traducción de Leopoldo Kulesz. Libros del Zorzal, 2004. Ensaio.
20. W ou a memória da infância. Georges Perec. Tradução de Paulo Neves. Companhia das Letras, 1995. Memórias/ficção.
21. Os anéis de Saturno - Uma peregrinação inglesa. W. G. Sebald. Tradução de José Marcos Macedo. Companhia das Letras, 2010. Memórias/relato de viagem.
22. Yes. Thomas Bernhard. Translated by Ewald Osers. The University of Chicago Press, 1991. Novela.
23. Austerlitz. W. G. Sebald. Tradução de José Marcos Macedo, Companhia das Letras, 2008. Romance.
24. Entre os fiéis - Irã, Paquistão, Malásia, Indonésia - 1981. Companhia das Letras, 2001. Reportagem/relato de viagem.
25. 28 desaforismos. Franz Kafka. Tradução de Silveira de Souza. Editora da UFSC/Bernúncia, 2011. Aforismos.
26. Luna Guerra. Marcelo Silva. El Suri Porfiado, 2010. Poesia.
27. Além da fé - Indonésia, Irã, Paquistão, Malásia - 1998. V. S. Naipaul. Tradução de Rubens Figueredo. Companhia das Letras, 2001. Reportagem/relato de viagem.
28. Cais. Alberto Martins. Ed. 34, 2002. Poesia.
29. Pedra habitada. Cândido Rolim. Age Editora, 2002. Poesia.
(*) Releitura
segunda-feira, 4 de julho de 2011
+ 2 trabalhos para uma “pequena antologia de poesia sonora brasileira": Ricardo Corona, Márcio-André
"Pessoa ruim" (2001)
Texto: Ricardo Corona
Texto, vozes e uivos: Ricardo Corona
Guitarras: Gilson Fukushima
"Joia" (2011)
Texto, direção, concepção, animação e edição: Márcio-André
Adaptação do soneto-poliedro de mesmo título
quarta-feira, 22 de junho de 2011

Parte 1 - Programa “Vice Verso” de quarta-feira, 22 de junho de 2011
(clique para abrir o áudio)
Parte 2 - Programa “Vice Verso” de quarta-feira, 22 de junho de 2011
(clique para abrir o áudio)
Apresento a seguir as 3 faixas (2 delas com vídeo) que selecionei e foram ao ar. De quebra, segue também um poema sonoro-visual de Ricardo Aleixo, poeta indispensável em qualquer levantamento da produção brasileira nesse campo.
domingo, 19 de junho de 2011


quarta-feira, 18 de maio de 2011
NEOLÍTICO
por onde perdas;
propensão, pertença
a quebras, a quedas,
pulsões em disputa,
tendência a atos atônitos
de ciência e sonho,
constância no caos
(espaço de dissipação
apto a acidentes,
omissão de apoio,
crua corrupção).
(poema até há pouco tempo inédito, agora publicado, ao lado d'"O poema inacabado", na coletânea “O melhor da festa volume 3” (Casa Verde, 264 páginas), que recebi pelo correio esta semana; semaninha tumultuada, de modo que nem tive tempo de iniciar a leitura do volume, apenas de apreciar a bela capa criada por Márcio-André e de gozar da emoção de ver uma amostra de meu trabalho enfeixada junto com textos de autores que admiro de longa data (João Gilberto Noll, Antonio Cicero), figuras que são referência em seus campos de atuação (Douglas Diegues, Ronald Augusto, Henrique Rodrigues), jovens poetas que têm se destacado por sua produção (Everton Behenck, Marcelo Sahea) e, principalmente, dois grandes amigos (Lima Trindade, Sandro Ornellas).
terça-feira, 10 de maio de 2011

Em minha pequena participação, citei livrarias particularmente especiais para mim, lugares que eu frequentava toda semana quando morava lá.
O "Guia do Ócio" tem 234 páginas, custa R$14,90 e pode ser encontrado em livrarias, bancas de revistas, hotéis e lojas de conveniências de Salvador - além de estar à venda pela internet.
domingo, 8 de maio de 2011

quinta-feira, 28 de abril de 2011

No sábado, 7 de maio, acontece o lançamento da coletânea “O melhor da festa volume três” (Casa Verde, 264 páginas, R$ 25,00), que reúne poemas, contos, crônicas, cartuns e tiras inéditas de 71 autores, entre participantes da 3ª edição do evento (em abril de 2010) e outros que estão na FestiPOA 2011. A sessão de autógrafos ocorre a partir das 21h, na Casa de Teatro - Rua Garibaldi, 853, Independência, tel.: (51) 3029-9292.
Mandei para os editores dois textos, "O poema inacabado" (já publicado neste blog há alguns meses) e outro poema inédito (que postarei aqui em breve). Como meu exemplar ainda não chegou, não sei qual dos dois foi escolhido para o livro, ou se ambos estão nele.
Lista completa de participantes da coletânea "O melhor da festa volume três": Adão Iturrusgarai, Ademir Assunção, Alexandre Rodrigues, Altair Martins, Amilcar Bettega, Antonio Carlos Secchin, Antonio Cicero, Antônio Xerxenesky, Andréia Laimer, Augusto Paim, Bárbara Lia, Carlos André Moreira, Cardoso, Carlos Gerbase, Carlos Pessoa Rosa, Cássio Pantaleoni, Claudia Tajes, Cristian De Nápoli, Daniel Weller, Diego Petrarca, Douglas Diegues, E. M. de Melo e Castro, Everton Behenck, Flávio Wild, Guilherme Orosco, Guto Leite, Henrique Rodrigues, Henrique Schneider, Horacio Fiebelkorn, Jacob Klintowitz, Jeferson Tenório, João Gilberto Noll, Jorge Fróes, Laerte, Laís Chaffe, Leandro Dóro, Liana Timm, Lima Trindade, Lúcia Rosa, Luciana Thomé, Luís Dill, Luís Serguilha, Luiz Paulo Faccioli, Marcelo Spalding, Márcia Denser, Maria Rezende, Marcelo Sahea, Marlon de Almeida, Monique Revillion, Nei Lopes, Nelson de Oliveira, Nicolas Behr, Olavo Amaral, Paulo Ribeiro, Pena Cabreira, Ramon Mello, Reginaldo Pujol Filho, Reynaldo Bessa, Ricardo Silvestrin, Rodrigo Bittencourt, Rodrigo dMart, Rodrigo Rosp, Ronald Augusto, Sandro Ornellas, Sergio Faraco, Simone Campos, Tailor Diniz, Virna Teixeira, Wilmar Silva, Wladimir Cazé, Xico Sá.
Nota complementar: Em 2009, publiquei na revista eletrônica Verbo 21 uma resenha sobre o primeiro volume da série "O melhor da festa" (Nova Roma, 2009). O link para o texto está aqui.
quarta-feira, 20 de abril de 2011
A ilha de Vitória na escrita noir de Saulo Ribeiro

A ilha de Vitória que aparece nos dois livros solo de Saulo Ribeiro – “Diana no Natal” (contos, Ed. Cousa) e “Ponto morto” (novela, Secult/ES), ambos lançados no último trimestre de 2010 – é um lugar sombrio, povoado por figuras marginalizadas e onde “condutas tipificadas pela lei como crimes” (“Ponto morto”, p. 15) estão sempre prestes a eclodir. Os narradores-personagens masculinos dos contos e da novela compartilham uma continuidade psicológica e discursiva que lhes permite ser abordados, neste breve comentário sobre o trabalho do escritor capixaba, como um só narrador-personagem: Luca Bandit, advogado de porta de cadeia autodefinido como “um machistazinho adorável” (“Diana...”, p. 39), “de índole vagabunda e personalidade contraventora” (“Diana...”, p. 56), “criado em meio ao coronelismo tardio do norte capixaba” (“Diana...”, p. 39).
Os contos curtos de “Diana...” montam um pequeno painel noir de Vitória, com a escolha do centro antigo como cenário quase exclusivo, a caracterização de uma cidade invariavelmente chuvosa e histórias que transcorrem à noite – quando pouco se enxerga além dos “guindastes do porto vistos por uma fresta entre dois prédios” (p. 66). É significativo que as capas dos dois livros são pretas e trazem cenas de chuva. A atmosfera noir da escrita de Saulo Ribeiro fica evidente logo no primeiro texto de “Diana...”: “Eu me sentia bem no escuro e patético na luz, invariavelmente" (p. 18).
Só no último texto do livro (“Tardes de píer”) a perspectiva tem uma ligeira mudança e o olhar, antes confinado ao ambiente opressivo da ilha, se volta para fora dela, buscando vislumbrar o horizonte e o mar. Se a noite se faz bastante presente nas páginas de “Diana...”, nesta página (p. 75) o narrador-personagem fala numa “manhã de estrada, ensaio de viagem” e diz que “O sol queria fazer sentido”.
Em “Ponto morto” esse olhar para fora de Vitória é ampliado à medida que o narrador-personagem circula por uma maior variedade de espaços: ele percorre a região metropolitana, no entorno da capital (Serra, Vila Velha, Cariacica, Guarapari), e, inversamente, se entranha de modo mais profundo à ilha, em incursões a comunidades dos morros e à “Baía Noroeste”. Um traço marcante em ambos os livros é o fato de que o observador que apreende a paisagem urbana está constantemente em movimento: a bordo de um carro, em caminhadas a pé pelas ruas ou em giros a esmo numa motocicleta em alta velocidade – comportamento à beira do autodestrutivo, que exprime, em grau máximo, a “vontade de partir” (“Ponto morto”, p. 93) de uma cidade onde os engarrafamentos ganham proporções gigantescas e até “os bichos (...) estão enlouquecendo” ("Ponto morto", p. 39).
Tal desejo de evasão do caos urbano é às vezes apenas sugerido e em outros momentos manifestado de maneira explícita, sendo direcionado tanto a um retorno impossível ao interior do Espírito Santo – na direção do centro originário da história pessoal de Luca Bandit ("Eu nunca deveria ter saído da roça e trocado tudo pelo sentimento portuário, essa é a verdade", p. 55 de "Ponto morto") –, quanto, centrifugamente, dirigindo-se a outros paradeiros possíveis (dos quais o mar e o porto de Vitória são símbolos recorrentes, concretizados, afinal, na megametrópole portuária terceiromundista para onde o personagem decide viajar no desfecho da novela).
entre em contato com Saulo Ribeiro ou com a Ed. Cousa.
terça-feira, 19 de abril de 2011
quinta-feira, 14 de abril de 2011

“Não sei se não tenho nada a dizer, sei que não digo nada; não sei se o que teria a dizer não é dito por ser indizível (o indizível não está escondido na escrita, é aquilo que muito antes a desencadeou); sei que o que digo é branco, é neutro, é signo de uma vez por todas de um aniquilamento de uma vez por todas.”
(Georges Perec, “W ou a memória da infância”, tradução de Paulo Neves, Companhia das Letras, 1995, p. 54)
Perec desenvolve em “W ou a memória da infância” (lançado em 1975) uma experiência textual de entrelaçamento de suas lembranças de infância (na França ocupada da II Guerra) e duas narrativas ficcionais remotamente interrelacionadas (uma das quais, a segunda, é a reconstituição de uma história escrita pelo autor aos 13 anos, depois perdida e quase esquecida, e que trata, com verve alegórico-fantástica, de uma “sociedade preocupada apenas com o esporte, numa ilhota da Terra do Fogo”, p. 14). A composição heteróclita de “W” aponta para uma reflexão sobre os vazios e as lacunas deixados pelo tempo na memória individual e que são preenchidos pelo imaginário na elaboração de nossa história pessoal – aspecto do livro destacado pelas inúmeras notas (com correções, emendas e acréscimos) justapostas pelo próprio autor ao relato de sua infância e da separação e perda dos pais (o pai, aos quatro anos; a mãe, aos seis). A essa reinvenção da memória pela escritura corresponde, no plano estritamente ficcional da obra, o procedimento da súbita interrupção do “romance de aventuras” da primeira parte (narrado por um homem que adota o passaporte e a identidade de outro, após ter desertado do exército durante uma guerra), que “começa contando uma história e, de repente, se lança numa outra”, numa “fratura que suspende a narrativa em torno de não se sabe qual expectativa” (como indica Perec na nota sem título que abre o volume).